Entramos na loja que descobrimos posteriormente ser uma fabricante da bebida no local.
- Olá - digo cordial - o que me recomendam? Sou turista e o que me indicarem como bom vou acreditar. Mas espero que seja algo bom.
Um moço nos atende demonstrando conhecimento sobre a bebida. Fala de maturação, madeiras, tipos de filtragem. Nos oferece uma prova. Bebemos. A sensação é agradável, embora eu não sabia a diferença entre uma boa cachaça e uma ruim.
Resolvo levar, retiro a carteira do bolso e nada acontece. O vendedor não se move. Aproveito meu ânimo observando um senhor de idade fitando uma das garrafas.
- O senhor entende de bebida? - meneia a cabeça dizendo sim. - conhece essa pinga? Sabe se é boa?
Ele ri. O rosto gordo balança.
- Nunca vi um bêbado não tomar uma.
O velho não gosta do tipo da bebida oferecida a nós pelo vendedor. Hesita, mas aceita uma prova por cordialdade a nós. Cheira-a como mestre. Faz cara de suspense. Bebe. Afirma:
- Bebi melhores. Aqui mesmo na cidade você encontra melhor.
Fico em dúvida. O vendedor fecha a cara. Percebendo que a balança pende para o lado do velho, a quem eu decidi confiar pela barriga farta de bebida por toda sua vida, oferece a ele, não a nós, a mesma marca realizada por outro processo, superior, diz. O velho toma, afirma ser melhor, mas não há mais garrafas em estoque, exceto a utilizada para a prova.
Desisto. Peço desculpas ao vendedor pela ousadia. Mas o velho me convenceu mais do que ele. De cara fechada, tenta uma investida.
- Cada um tem um paladar diferente.
Agradecemos, sem obter uma resposta de volta e saímos.
Dois dias depois, em outra casa de bebidas, compramos a mesma cachaça que o vendedor nos ofereceu. Derrotados por não termos encontrado em nenhum lugar da cidade a versão melhorada.
Não entendemos nada de cachaça. Cairá bem.
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