quinta-feira, 18 de julho de 2013

Histórias de Paraty (1)

Entramos em uma dessas lojinhas de artesanato, dedicada especialmente para atrair turistas que desejam levar uma lembrança da cidade. 

Olhamos chaveiros, camisetas, esculturas, imãs, bordados, bolsas, apetrechos que se não são artesanais, parece. Na bancada em que fica o dono, um gato tigrado de pelos fartos está sentado em cima de uma caixa com alguns imãs. Nos aproximamos - adoramos felinos - e faço carinho no pescoço do bichano. O dono percebe, mas continua assistindo ao Fantástico.

Quando fazemos uma pergunta a ele, responde rapidamente e, vendo o caso do menino boliviano na televisão, aumenta o volume, não sei se para prestar mais atenção ou para demonstrar que não deseja diálogo.

Selecionamos nossas compras com o olhar atento do dono. Ele trabalha com peças pequenas, natural imaginar que furtos podem acontecer a qualquer momento.

Vamos ao caixa. Pagamos. Karina pergunta inocentemente se o gato era do dono, pois a cidade tem muitos animais transitando livremente, poderia ser o caso de apenas um agregado. Sem tirar os olhos da televisão, presa por um suporte no teto, nos responde lacunar.

- É gata.

Entregamos-lhe o dinheiro de nossas compras e, rapidamente, devolveu-nos o troco. Junto com as notas nos dá um obrigado seco.

- Qual o nome dela? - Karina pergunta.

Ele, sem tirar os olhos da televisão:

- É Cleo. Obrigado.

E, com uma bala no crânio, a conversa morre. Digo em semitom: gostamos de gatos. Pego o pequeno pacote, agradeço e vamos embora. Era o último dia do festival literário e o homem precisava urgentemente de um descanso.


Um comentário:

  1. Bonita história, num texto maravilhoso. Parabéns Thiago!!! Gostei mesmo!!!

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